Sl 45:9: “ai daquele que contende com o
seu criador. Por acaso o barro pode dizer ao oleiro: o que você está fazendo?”.
Pr. Fabiano Rocha
A vontade de Deus
revela de forma muito clara o seu caráter bem como seu atributo de
autodeterminação mediante o qual Ele age de acordo com o seu eterno poder. A
dimensão da vontade divina revelada em sua Palavra permite-nos reconhecer que
ninguém além de Deus é o fundamento de toda a existência e de tudo o que
acontece. Tudo o que se desenrola no palco da história é fruto da determinação
divina. Sua vontade é soberana e livre. Seu propósito é todo abarcador, não
ficando nenhum aspecto de fora. Isso se estende até mesmo à entrada do pecado
no mundo, visto que até a transgressão do homem atenderá de forma perfeita ao Seu
propósito eterno. A sua graça será exaltada na salvação do santos, bem como sua
justiça será vindicada na condenação dos reprovados. Ninguém pode resistir à
vontade de Deus, que tudo faz segundo o seu próprio conselho.
Ele tornou-se conhecido como Aquele que tem
um plano soberano, cuja vontade jamais será frustrada. Seu propósito é imutável
e jamais pode estar condicionado ou sujeito a qualquer coisa que esteja fora
dele mesmo. A finalidade é declaradamente sua própria glória, ou seja, a
manifestação da sua própria grandeza. Não há outra maneira de interpretarmos a
criação ou a história se não colocarmos Deus como a causa primeira de todas as
coisas. Tudo o mais é secundário. Toda a criação está a serviço dele e não Ele
a serviço e capricho de sua criação. Há uma imagem muito elucidativa na
Escritura que expressa muito bem essa relação de Deus com suas criaturas: a
figura do oleiro e do barro. A imagem descreve Deus como o grande oleiro e suas
criaturas como o barro. É Ele que modela o barro conforme a sua própria vontade
e propósito. Sendo assim, Ele tem o direito sobre a sua criação. Paulo utiliza
essa figura em Rm 9:20, através da pergunta: “Quem és tu o homem?”. A Escritura
nos questiona no sentido de pensarmos sobre quem somos e que relação existe
entre nós e Deus, através dessa ilustração.
A figura do oleiro pode até não ser muito
comum para nós nos dias de hoje. Alguém pode jamais ter visto a imagem de um homem
sentado diante de uma roda, trabalhando com o barro e fazendo vasos de várias
espécies, para diferentes finalidades. Mas nos tempos antigos, na Palestina,
essa era uma figura bastante presente. A interpretação dessa ilustração nos
mostra que jamais podemos inverter as coisas, colocando o oleiro no lugar do
barro, ou como fazendo como diz no Sl 45:9: “ai daquele que contende com o
seu criador. Por acaso o barro pode dizer ao oleiro: o que você está fazendo?”.
Quem pode questionar com arrogância os feitos de Deus? Porém, embora seja a
figura muito viva e explicativa, sua interpretação reserva cuidados. Não
devemos absolutizar à ilustração em detrimento da realidade. O que se quer
ensinar é a distância, a disparidade que existe entre Deus e suas criaturas.
Mas jamais negar que os homens são seres morais e responsáveis diante de Deus.
O Senhor é soberano, tem um plano infalível que engloba todas as coisas, até
mesmo o destino eterno dos homens. Ele, como oleiro, tem poder para de uma
mesma massa fazer vasos para destinação honrosa e outros para destinação
desonrosa, mas de nenhum modo Ele isentou os homens de suas responsabilidades
para com sua vontade revelada. Deus tem poder para agir como quer sobre toda a
massa caída , exercendo misericórdia sobre alguns e ira sobre outros,
compadecendo-se de alguns e endurecendo outros. Mas devemos reconhecer e estar
bem conscientes de que somos totalmente responsáveis diante Dele.
Fabiano
Rocha é pastor da Primeira Igreja Batista Reformada de Taguatinga - DF.