MEDITANDO NO TRABALHO MISSIONARIO

Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.

Isaías 6:8

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

ADOÇÃO


Diz o capítulo 12 da CFB 1689, em seu primeiro tópico, sobre adoção:

“Em seu único Filho, Jesus Cristo, e, por causa dEle, Deus é servido fazer participantes da graça da adoção todos quantos são justificados. Por essa graça eles são recebidos no número dos filhos de Deus, e desfrutam das liberdades e privilégios dessa condição; recebem sobre si o nome de Deus; recebem o espírito de adoção; têm acesso com ousadia ao trono de graça, e clamam Aba, Pai; recebem compaixão, proteção, e a provisão de suas necessidades. E são castigados por Deus, como por um pai; porém, jamais são lançados fora, pois estão selados para o dia da redenção. E herdam as promessas, na qualidade de herdeiros da salvação eterna.”

A Bíblia de estudo de Genebra comenta sobre a adoção, baseada em GL 4:5, o texto abaixo.

Gálatas 4:5: “Para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos”.

O dom da justificação, isto é, a presente aceitação por Deus, o Juiz do mundo, é acompanhada pelo dom da adoção, isto é, o dom de a pessoa poder tornar-se filho do Pai Celestial (Gl 3.26;4,4-7). No mundo de Paulo, a adoção se fazia comumente de jovens adultos, homens, de bom caráter, que se tornavam herdeiros e mantinham o nome da família de pessoas ricas que, de outro modo, não teriam filhos. Paulo, contundo, proclama a adoção graciosa de Deus, que adota indivíduos de mau caráter, para se tornarem herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8.17). A justificação é a benção básica sobre a qual se fundamenta a adoção; a adoção é a bênção culminante para a qual a justificação abre caminho. O status de adotado pertence a todos os que recebem Cristo (Jo 1.12). Em Cristo e através de Cristo, Deus ama seus filhos adotivos, como ama a seu Filho unigênito, e partilhará com eles a glória que Cristo usufrui agora (Rm 8.17, 38-39). Os crentes estão sob o cuidado e disciplina paternais de Deus (Mt 6.26; Hb 12.5-11). Eles devem orar a Deus que é seu próprio Pai do céu (Mt 6.5-34), expressando desse modo o instinto filial que o Espírito Santo implantou neles (Rm 8.15-17; Gl 4.6). 

Adoção e regeneração constituem duas realidades que permanecem juntas, como dois aspectos da salvação assegurada por Cristo (Jo 1.12-13), porém são realidades que devem ser distinguidas entre si. A adoção resulta num novo relacionamento, enquanto que a regeneração é uma mudança de nossa natureza moral. Contudo, a conexão entre elas é clara. Deus quer que seus filhos, a quem ele ama, tenham o seu caráter e, para isso,  ele toma providências.

Fonte: Bíblia de Estudos de Genebra, Notas Teológicas, página 1394.

A FRUSTRANTE BUSCA DO HOMEM PELA AUTOJUSTIFICAÇÃO


Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Romanos 3:23
Pr. Fabiano Rocha.

Toda busca do homem pela autojustificação é uma clara rejeição à justiça de Deus, que se revela no evangelho. Todo tentativa humana no sentido de procurar ser aceito diante de Deus pelo seus próprios méritos ou tentar justificar-se pela obediência à lei, será frustrada. Quando a Escritura afirma que todos os homens pecaram e foram destituídos da glória de Deus, ela não está transmitindo somente a verdade de que os homens pecaram no passado distante, mas que essa é hoje a realidade que os cerca. O que Palavra de Deus traz é uma descrição categórica do gênero humano em todos os tempos. Os homens pecaram num passado distante, por meio do representante federal da raça humana, mas também continuaram e continuam pecando como fruto de sua condição natural, herdada, caída e depravada. A queda representa uma perda de toda justiça própria, bem como uma total incapacidade em readquiri-la. Há uma impossibilidade residindo em todas as áreas da condição natural humana.

Ninguém busca o bem espiritual, há indisposição para as coisas de Deus. Essa verdade não é extraída de nenhuma ciência social e nem foi elaborada por estudiosos da natureza humana. Esse é o quadro pintado pelo próprio criador. Não obstante, vemos o homem numa busca frenética por apresentar o seu próprio padrão de retidão. Vemos um zelo cego e um falso engano de que a mera conformação a padrões religiosos irá garantir aceitação. Mas muitos se esquecem que a retidão exigida por Deus em seus mandamentos não está traduzida numa conformação externa aos padrões da lei, nem no legalismo exacerbado. “Deus é um legislador espiritual”, como dizia o reformador Calvino. Nesse sentido, a justiça que Deus exige é muito mais do que mudança de vestes, vai muito além de não tocar, não provar e não manusear. Paulo em Romanos capitulo 7 conheceu sua terrível condição diante de um Deus santo, quando viu nos mandamentos uma lei que dizia que ele não deveria cobiçar. O apóstolo viu sua condição miserável, de um homem que não seria aceito com base em sua própria justiça. É como diz o salmista Davi no salmo 51: “Eis que tu ama, Senhor, a verdade no íntimo”.

A vontade divina aponta para todas as direções, atitudes e intenções dos corações humanos. Não somente uma obediência ampla e profunda nos é exigida, mas também total e irrestrita. Não basta buscar justificar-se obedecendo um ponto ou somente a um preceito da lei. É preciso cumprir todos os mandamentos. “Quem tropeça em um só dos mandamentos, se faz culpados de todos”. Logo, obediência não significa conformação legalista. Se esse é então o caminho que tanto agrada o homem, devem eles então saber que não devem jamais tropeçar em nenhum ponto da lei de Deus. Se eles querem apresentar ao criador sua justiça, que não tragam trapos, mas uma obediência completa.

Isso releva que a justiça do Deus eterno não será alcançada pelo esforço humano. O caminho buscado pelo homem é enganoso em todos os sentidos. Ele cega, embota o entendimento e traz a falsa sensação de que Deus está se agradando e estamos seguros. Portanto temos duas questões: Primeiro: os homens jamais podem cumprir a obediência que Deus exige. A segunda questão é que Deus exige retidão. Do ponto de vista puramente humano, só resta uma conclusão: jamais poderemos ser salvos. Jamais conseguiremos levantar-nos desse estado terrível, de desesperança e auto-engano. Mas, como então seremos salvos? Com que justiça seremos aceitos? Certamente não será com aquela procurada pela nossa própria força. Seremos aceitos pela justiça que Deus revelou em Cristo Jesus. Essa nos é concedida pela fé e não pelos méritos. Ela é de Cristo e não nossa

Fabiano Rocha é pastor da Primeira Igreja Batista Reformada.