Alderi
Souza de Matos
Porque pela graça sois
salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.Não vem das obras,
para que ninguém se glorie Efésios
2:8-9
“A justificação é a resposta de Deus à mais
importante de todas as questões humanas: Como uma pessoa pode se tornar
aceitável diante de Deus? A resposta está clara no Novo Testamento,
especialmente nos escritos de Paulo, como a passagem clássica de Romanos
3.21-25. Biblicamente, a justificação é um conceito jurídico ou forense, e tem
o significado de “declarar justo”. É o ato de Deus mediante o qual ele, em sua
graça, declara justo o pecador, isentando-o de qualquer condenação. Infelizmente,
a palavra portuguesa “justificação”, originária do latim, dá a idéia de “tornar
justo”, no sentido de produzir justiça no justificado. Mas o termo grego
original não se refere a uma mudança intrínseca no indivíduo, e sim a uma
declaração feita por Deus. Visto que não temos justiça própria e somos culpados
diante de Deus, ele nos declara justos com base na expiação de nossos pecados
por Cristo e na sua justiça imputada a nós. Assim, a fonte da justificação é a
graça de Deus, o fundamento da justificação é a obra de Cristo e o meio da
justificação é a fé. A fé é o canal através do qual a justificação é concedida
ao pecador que crê; é o meio pelo qual ele toma posse das bênçãos obtidas por
Cristo (como a paz com Deus, Rm 5.1). Ela não é uma boa obra, mas um dom de
Deus, como Paulo ensina em Efésios 2.8-9. É o único meio de receber o que Deus
fez por nós (“sola fides”), ficando excluídos todos os outros atos ou obras.
Isto significa que a justiça do crente é
somente uma justiça imputada, atribuída a ele, sem incluir uma transformação
moral e espiritual? Não, a justificação é seguida de uma justiça real e efetiva
– tão de perto que, se não seguir, a pessoa não está justificada. Mas a
justificação em si ainda não se refere a essa mudança. Deus nunca nos torna
justos antes de nos declarar justos. Estando justificados pela graça e
reconciliados com Deus mediante a fé, com base somente nos méritos de Cristo, estamos
capacitados para crescer em santificação (Ef 2.10). Em suma, Deus não somente
nos declara justos (justificação), mas posteriormente nos torna justos
(santificação).
Tristemente, muitos evangélicos têm deixado
de confessar de modo convicto essa verdade que está no coração do evangelho.
Muitos líderes e movimentos têm voltado a insistir na prática de certas ações
ou na exibição de determinadas virtudes como condição para que as pessoas sejam
aceitas, perdoadas e abençoadas por Deus. Volta-se, assim, ao sistema de
salvação pelas obras ou pelos méritos humanos contra o qual se insurgiram os
reformadores. Com isso exalta-se o ser humano, suas escolhas, decisões e
iniciativas, e se desvaloriza a Deus, sua graça, sua soberania, sua obra de
expiação por meio de Cristo. Tenhamos a coragem e a coerência bíblica de
reafirmar a verdade solene da justificação pela fé somente, que é, no dizer dos
reformadores, o artigo pelo qual a igreja
se sustenta ou cai.”
Justificação pela fé: o coração do evangelho. Artigo de Alderi Souza
de
Matos, disponível em http://www.mackenzie.br/7136.html.