*Fabiano Rocha
Mas
tu, SENHOR, permanecerás para sempre, a tua memória de geração em geração. Salmos
102:12
Os
atributos de Deus podem ser definidos como comunicáveis ou incomunicáveis. Os
atributos incomunicáveis são aqueles em que Deus torna-se distinto de suas
criaturas. São atributos dos quais nós não participamos. Diferente dos
atributos comunicáveis. Os homens foram criados à imagem e semelhança de Deus.
Com isso, possuímos aspectos do ser de Deus que foram comunicados a nós. Temos
condições de amar, sermos pacientes, exercer justiça e sermos bondosos, mas não
podemos ser onipresentes, onipotentes, oniscientes, nem independentes
(autônomos). Essa divisão do ser de Deus não quer dizer que Ele seja divido,
mas é um recurso didático que possibilita uma melhor noção da forma como Deus
se revelou. Um dos atributos de grande evidência em tudo aquilo que Deus
realiza, e que podemos caracterizá-lo como incomunicável é a sua imutabilidade.
Esse aspecto do seu caráter revela que tudo o que Deus decretou está
fundamentado em sua vontade soberana e que nada do Ele que planejou fazer
carece de perfeição.
Deus
é imutável não somente em seu ser, mas também em suas perfeições, propósitos e
promessas. A marca registrada dos projetos e intentos humanos é a imperfeição,
as mudanças de propósitos e a alteração de planos. Nós, com freqüência
precisamos ponderar e voltar atrás muitas vezes. Isso por que nossos planos são
marcados por nossa limitação, imperfeição e mutabilidade. Porém em Deus não há
mudança nem sombra de variação. Tudo o que Ele planejou fazer e está
executando, está plenamente de acordo com o seu ser e com o seu plano traçado
desde a eternidade.
O
salmista, no salmo 102, demonstra por meio de contraste o que também podemos
chamar de inalterabilidade de Deus. O poeta coloca de um lado a terra e o céu e
do outro a pessoa de Deus. E a conclusão que chega é a pura verdade: “em
tempos remotos, lançastes os fundamentos da terra, e os céus são obras das tuas
mãos. Eles perecerão, mas tu permaneces, todos eles envelhecerão como uma veste,
como roupa os mudarás, e serão mudados. Tu, porém permaneces o mesmo, e os teus
anos jamais terão fim”. Deus exorta o povo de Israel utilizando aspectos do
seu próprio caráter imutável, quando diz por intermédio do profeta: “Porque
eu, o Senhor, não mudo, por isso vós não sois consumidos” (Ml 3:6). Não
havia outra razão para tanta paciência divina para com aquela nação que fora
tão rebelde e obstinada. Quando lemos as narrativas históricas, vemos a longanimidade
da parte de Deus para com eles. A maneira correta de se compreender aquela
paciência em suportar tanta rebeldia não é olhando para os rebeldes e sim para
o próprio ser de Deus. A única razão está na imutabilidade do Criador.
Essa verdade parece simples
e abstrata ou até mesmo distante de uma relação prática para com tudo o que nos
cerca e para com as nossas vidas. Mas imaginemos a possibilidade de Deus
constantemente mudar de idéia. Ou se aquilo que prometeu há séculos atrás hoje
não estivesse mais de pé! Que terror e que incerteza seriam para nós crermos em
todas as suas promessas e planos. Mas não há essa possibilidade. Podemos ter a
plena certeza de que tudo aquilo que Ele prometeu fazer irá cumprir e fazer
acontecer de forma perfeita e imutável. Não somente porque vimos se cumprir no
tempo muitas promessas feitas por Ele, mas porque Ele é perfeito e imutável.
Fabiano Rocha é
pastor da Primeira Igreja Batista Reformada de Taguatinga-DF