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Pr Fabiano Rocha
A eleição incondicional diz respeito à
escolha de Deus feita antes da fundação do mundo, no nível do decreto de Deus,
na qual ele escolhe salvar alguns dos que se perderiam, não tendo como
fundamento nem méritos ou condição alguma favorável nas pessoas escolhidas. Foi
uma decisão segundo o beneplácito de sua própria vontade. A fonte dessa escolha
foi o infinito amor de Deus. Os discursos de Moisés no Velho Testamento,
especificamente no livro de Deuteronômio, mostram de forma nítida essa verdade,
que foi se descortinando de forma progressiva em toda a Escritura. Os
pronunciamentos de Moisés ressaltam que Israel não teve nenhum mérito em ter
sido chamado por Javé para ser o seu povo. Israel era na realidade o contrário
daquilo que poderia servir de parâmetro para uma escolha com base nas
qualidades do escolhido. Não era a nação mais numerosa, nem era justa, porém
era débil, pequena e fraca. Mas o amor de Deus por eles foi espontâneo e
gratuito, exercido apesar do demérito. Deus não somente escolheu indivíduos para
tarefas especificas como também escolheu indivíduos para a salvação eterna. E isso
Ele foi mostrando em toda a sua Palavra, através da escolha de um homem,
através da escolha de uma nação, tudo isso apontando para uma escolha maior,
que era a formação de sua igreja, do novo Israel que se formou em Cristo Jesus,
através de indivíduos de toda a tribo, língua, povo e raça, que culminou em sua
igreja.
Embora o homem caído e mesmo muitos cristãos
professos neguem a eleição, com o falso argumento de que Deus seria injusto se
assim procedesse, essa verdade jamais pode ser negada pelo simples fato de que
em todas as páginas da Escritura a encontramos. E outra razão é que jamais a
Bíblia nos concede brecha ou nos possibilita questionarmos os feitos e as
prerrogativas do Criador, em fazer vasos para misericórdia e vasos para a ira.
A Bíblia revela que Deus amou Jacó e odiou Esaú. Há porventura injustiça no
Senhor por isso? Muitas pessoas até aceitam com certa naturalidade algumas
doutrinas da Escritura, mas quando ouvem acerca da verdade de que Deus escolheu
um povo para a salvação logo ficam coléricos. Spurgeon disse: "Parece
haver um preconceito arraigado na mente humana contra esta doutrina, e embora a
maioria das outras doutrinas seja recebida por crentes professos, algumas com
cuidado, outras com prazer, esta parece ser mais comumente negligenciada e
rejeitada".
Mas sabemos por essa doutrina que a salvação
não é o pagamento de uma divida. Não é um coroamento após vencermos uma
competição. Muito menos é o resultado automático de um privilégio concedido a
quem nasce judeu ou quem é descendente físico de Abraão. A salvação é uma
escolha graciosa, um ato de favor a quem não merece, gratuitamente demonstrado
para com os membros de uma raça caída. O fato de haver escolha de alguns já é
em si uma manifestação da misericórdia divina e não de injustiça. È por essa
razão que essa verdade glorifica a graça gloriosa de Deus e, sobretudo,
ressalta o demérito humano. Os homens em sua rebeldia contra Deus podem ranger os
dentes, mas isso não mudará a verdade de que ao Senhor pertence a salvação. A
decisão de resgatar e a quem resgatar pertence a Ele. O Senhor terá
misericórdia de quem Ele quiser ter misericórdia, repetia o apóstolo Paulo
(Rm 9:15). Quem somos nós para contender com o
oleiro? Essa escolha é um ato da soberania de Deus.
*Fabiano Rocha é pastor da Primeira
Igreja Batista Reformada e Taguatinga - DF
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